Com a derrota do Congresso Nacional, a casta econômica de Brasília interpõe sobre a perda de arrecadação gerada pelo tributo um pacotão que estabelece o aumento de alíquotas em alguns impostos já existente, como o IOF, com a mesma retórica de “justiça social”, justificando que foi sobre os bancos e demais instituições de crédito que recaiu todo o veneno da área fiscal, como se o aumento de juros não afetasse os assalariados, que dependem dos financiamentos para adquirir bens.
O discurso governista contém em si um valor simbólico muito acentuado. A ira do poder político, bem como da intelectuária tupiniquim, sobre os setores mais abastados da sociedade, não se iniciou na era petista(é justo dizer), mas, ao contrário, nunca se fez ausente na história nacional. A despeito de políticos e intelectuais não fazerem parte das classes mais humildes da população, contradizem-se entre discurso e realidade, em fatos notórios.
Exemplos não vão faltar em ano de campanha eleitoral, quando candidatos fazem questão de parecerem populares, fotografados em botecos comendo pão com manteiga e um copo de pingado do lado. Já os mesmos intelectuais, que odeiam “burgueses” e sua vida fútil, não dispensam um bom e caro vinho, um bom e caro restaurante, e um bom e caro apartamento em Paris, aliás, o refúgio preferido de nove entre dez socialistas.
Mas, afinal, por que ser rico é servir sempre de bode-expiatório para questões de fórum econômico e até de ordem moral dentro da nossa cultura nacional? Ao afirmar que existe no Brasil um véu anti-riqueza, não me expresso na acepção rigorosa do termo. O brasileiro, como bem salientou Roberto Campos em seu livro ensaios de história econômica e sociologia, é um povo propenso ao luxo e ao pleno gozo materialista. O que nos falta, nas palavras do saudoso intelectual, é o interesse sadio pela poupança e pela acumulação de capital, fatores preponderantes ao logro do desenvolvimento. No entanto, a política tributária desestimula esta prática.
Um exemplo é o imposto sobre heranças. Se o teu pai te deixar uma quantia substancial de ativos, terás que destinar uma fatia deste bolo à União. Se por acaso estes mesmos ativos passarem para outros indivíduos em forma de herança por mais quatro gerações, ele não mais existirá, já que a tributação correspondente o terá consumido até a última migalha. Outro caso é o dos impostos progressivos. Esta excrescência legal, que desobedece ao princípio da isonomia, cobra maior alíquota de imposto a cada aumento de renda que o individuo venha a receber, como se o cálculo de um imposto feito por porcentagem já não representasse um pagamento maior de acordo com a renda. Não no Brasil.
A cultura de adoração à pobreza entende que o fato de um indivíduo ganhar mais significa que deve ser punido por isso ao invés de ser tratado como alguém que obteve um aumento de renda pelo sucesso. Que estímulo teria o cidadão brasileiro a tentar enriquecer se ele é legalmente desacreditado a fazê-lo?
O resultado é a fuga das nossas maiores mentes empreendedoras para o setor público, capitaneada pela onda de concursos para incremento da máquina estatal, com estabilidade empregatícia e desobrigação em cumprir metas de eficiência.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.