A pesquisa também qualificou os países de híbridos ou autoritários. Suécia, Noruega e Islândia foram classificados como países democráticos, com democracia plena. Os menos democráticos foram Coreia do Norte, Chade e Turcomenistão. Cumpre ressaltar que na América Latina o único país qualificado como democracia plena foi o Uruguai, já que o Brasil foi considerado uma democracia imperfeita.
Nessa perspectiva, registre-se que são inúmeros os eventos presentes nos contextos social e institucional do Brasil que corroboram com a conclusão da pesquisa realizada pela The Economist. Inicialmente, importa mostrar que nesses últimos anos a Polícia Federal Brasileira realizou diversas operações de combate à corrupção pública em diversas instituições brasileiras. No cotidiano social é frequente o relato da prática da corrupção. Por outro lado, o jeitinho brasileiro é utilizado como ferramenta social para solucionar entraves criados pela burocracia estatal. Ademais, o desrespeito à lei é visível. Citamos como exemplo o desrespeito à lei do trânsito. Ao caminhar pelas ruas, constatamos carros estacionados nas calçadas evitando o direito de ir e vir das pessoas.
Em qualquer tipo de conflito, é muito comum o uso de outra ferramenta social, a de que: ” Você sabe com quem está falando?”. O uso dessa máxima evidencia a hierarquização de parte da sociedade brasileira perante as leis. Ou seja, a de que a lei só se aplica à parte da sociedade, os pobres e pretos. Diante dessa realidade, importa constatar a forte presença da desigualdade de direitos perante a lei, o que me faz indagar: como posso falar emdemocracia no Brasil diante de uma patente desigualdade social de direitos perante a lei? Isso me faz enfatizar que existe relação direta entre desigualdade econômica e desigualdade de direitos. Quanto maior a desigualdade econômica, mais desigual o acesso às instituições estatais. Isso é retratado com muita propriedade por Roberto DaMatta que frisa: os que têm algum tipo de poder econômico, social ou político conseguem garantir os seus direitos. Fazem com que as instituições atendam as suas demandas. Os que não têm penam pelo auxílio das instituições.
Infelizmente, é particularmente triste consignar que as oportunidades econômicas, sociais e políticas no Brasil ainda não são para todos. Não deveria ser assim, já que os recursos destinados para a educação pública são avultantes e volumosos. Entretanto, na sociedade do conhecimento em que vivemos, onde o conhecimento é muito mais importante que os recursos materiais, considerado instrumento de poder, a educação pública brasileira ainda não foi capaz de educare capacitar os indivíduos brasileiros para que adentrem no mercado de trabalho, mercado este cada vez mais carente de mão de obra qualificada.
Por fim, realço a necessidade premente de se criarem condições para que os brasileiros adquiram igualdade de oportunidades, embora isso só seja possível com a diminuição da desigualdade econômica. Friso, contudo, que o Brasil avança, apesar deste avanço ser lento. Apesar de tudo, afirmo sem medo de errar que temos condições de fazer com que o Brasil seja considerado uma democracia plena. Basta que a sociedade se una e, através desta união, todos façam sua parte.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.