Roberto Da Matta sugere que “O sabe com quem está falando?” é uma prática social presente em nosso cotidiano. De acordo com o autor, em situações de conflitos, os indivíduos clamam por uma sociedade hierárquica com o objetivo de burlar a lei ou aplicá-la a outrem. Da Matta defende que no Brasil os indivíduos buscam se relacionar de modo hierárquico.
Em suas variadas obras, Jessé Souza mostra que a modernização no Brasil ocorreu de modo seletivo. Em alguns estratos, observamos a modernização, com a ausência de hierarquia social nas relações sociais, a méritocracia e a igualdade de direitos. Em outros ambientes, o Brasil pré-moderno está presente, com traços da Casa Grande. Recentemente, Jessé Souza publicou o livro “A ralé brasileira”. Nesta obra, o autor mostrou que apesar do crescimento econômico, os excluídos ainda são ignorados pelo estado e por parte da sociedade.
Já Lívia Barbosa desenvolveu primoroso estudo sobre o “Jeitinho brasileiro”. Para a autora, o jeitinho é uma prática social que quando realizada possibilita que alguém leve vantagem sobre outro. Sua obra revela também que o jeitinho é um instrumento social utilizado pelos atores com o objetivo de driblar o excesso de burocracia do estado brasileiro.
Ao olhar para o Brasil de hoje observamos que nossa sociedade ainda carrega traços pré-modernos, práticas sociais não adequadas com o estado de direito. A estabilidade monetária, a elevação do nível educacional, a amenização da desigualdade social e o aumento do consumo não foram suficientes para findar com práticas sociais arcaicas. Infelizmente, ainda existem atores que optam por perenizar a desigualdade dos direitos, a buscar artifícios para burlar as regras e a não reconhecerem os excluídos (“A ralé”), os quais devem ser prioridade do estado.
Avanços econômicos não significam modernização acelerada da sociedade. Mas é a modernização econômica que possibilita a mudança cultural. É necessário pujante e constante crescimento econômico, o qual permitirá mobilidade social e novas práticas sociais.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.
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