Excessos de cenas de violência e apologia ao crime, excessos de apelo sexual e brincadeiras que expõem os participantes ao ridículo. Tudo isso em programas que antes deveriam servir para informação e distração do público.
Cumpre lembrar que mais de 90% das residências no Brasil tem aparelho de televisão, cerca de 54 milhões de aparelhos. Desses usuários, cerca de 17% adquiriram TV por assinatura. Tal crescimento não é apenas em virtude de que o preço da TV a cabo ter caído, mas também em face de que são os canais fechados que tem, atualmente, a maior variedade em programação – aliando cultura, entretenimento e informação.
Com efeito, o público da televisão aberta vem caindo nos últimos dez anos. A novela, o principal produto da televisão brasileira, tinha uma média de audiência de mais de 60 pontos no final da década de 90. Hoje, comemora, sobremaneira, quando a audiência atinge 40 pontos. Vale ressaltar, ademais, que esses picos de audiência acontecem apenas em capítulos finais ou relacionados a alguma cena isolada.
Outrossim, quando nos referimos à qualidade dos programas na televisão brasileira, não é simplesmente ter programas com inúmeros quadros e que tenha um(a) apresentador(a) bonito e simpático, com a capacidade de fazer o telespectador não mudar de canal. Ter qualidade na televisão é ter acesso a um veículo onde são transmitidos programas que devem prezar pela qualidade no texto, quadros inteligentes que informem e eduquem – de preferência os dois ao mesmo tempo. Em meio a tanta baixaria, programas sensacionalistas, filmes repetidos, humorísticos apelativos, é difícil encontrar algum tipo de programa de qualidade para os olhos do telespectador exigente.
A reflexão sobre a “arte imita a vida” – ou seria “a vida imita a arte” – é cabível. Devemos parar e refletir sobre o que estamos permitindo que os nossos filhos assistam. Salvo poucas exceções, a péssima qualidade da programação da televisão aberta no Brasil é aquiescida por nós brasileiros. Na guerra das emissoras pela audiência, tudo que dá audiência se copia e, na maioria das vezes, programas com formatos idênticos passam, exaustivamente, em canais e emissoras diferentes.
Entrementes, caro leitor, atenta leitora. Censurar, apenas, não é a solução. Já superamos esta fase. Provavelmente o caminho para a solução esteja na conscientização da população para que sejam exigidos programas mais inteligentes e não apenas novelas em que se tem sempre um final feliz. Se quisermos uma TV aberta de qualidade, precisamos separar o exercício da liberdade de expressão da prática do entretenimento nivelado por baixo. A qualidade dos programas de nossa televisão só mudará à medida em que a educação da população brasileira avançar, haja vista que as programações são realizadas levando em conta o nível intelectual do telespectador brasileiro. Fico então na torcida para que, no futuro, a televisão seja o reflexo de uma sociedade mais inteligente e esclarecida.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.