o Lehman Brothers, o Citigroup , o Wells Fargo e o Bank of America são instituições que sentiram o peso esmagador desse antigo instrumento que já parou aos olhos curiosos de Newton, de Foucault e, agora, impõe economistas e gestores a levarem os olhos aos dois extremos, ou seja, Estado e mercado. A imposição se dá porque as más consequências são sistêmicas.
Em agosto de 2007 , os resgates em fundos foram congelados pelo BNP Paribas Investment Partner. Temos o fósforo aceso da crise econômica mundial. Outros congelamentos se deram por outras mãos no mercado. A American Home Mortgage, uma das maiores empresas de hipoteca dos Estados Unidos, pede concordata. Outras empresas e também bancos começaram a comprar empresas de crédito imobiliários. Volta o mês de agosto, ano 2008, levando ao mundo o pedido de concordata do Lehman Brother. E, com eles, outros seguem com seus pedidos. O peso do pêndulo vai fazendo estragos enormes. Neste momento, arranca um grande pedaço do PIB americano: redução de 3,8% no último trimestre de 2008. Surgem medidas para os reparos. Precisa-se estancar a hemorragia financeira: temos um pacote de ajuda no valor de US$ 700 bilhões. Entram na fila – para receberem os cuidados econômicos – bancos, montadoras de automóveis, empresas de créditos. Do outro lado da praça, há outra fila: a dos desempregados. A taxa de desemprego em dezembro de 2008 chegou a 7,2%. Trata-se da pior crise, desde 1993. É necessário outro pacote. Este para infra-estrutura e para gerar emprego: US$ 800 bilhões. É a participação oportuna de Estados no mercado. Surgem previsões otimistas. O boletim mais otimista garante melhoras dos enfermos já em final de 2009 e início de 2010. Os da fila, neste ano, já andam embora assustados com a possibilidade de nova epidemia. Hoje, há confiança maior. Parece-nos mais estáveis as previsões de mercado. Estado e mercado, as duas extremidades do Mundo.
Mas o pêndulo continua com seu regular passo bifurcado. Recentemente, a Grécia sofreu uma queda. Daquelas que precisa de amparo para se erguer. E, com isso, a moeda comum europeia perdeu um pouco a credibilidade do olhar europeu. A Europa há um bom tempo não dorme. Com os olhos presos à janela, essa vigília enorme vem tirando o sossego de todos. Recentemente, todos assistiram aos primeiros socorros à caída Atenas. Mais de 100 milhões de euros é o valor injetado em suas veias gota a gota ( durante três anos ). O suficiente para sentir as pernas e ouvir da boca de seu Primeiro Ministro (George Papandreou), a necessidade de “grandes sacrifícios” de seu povo, mas que são “necessários” para evitar a “falência” do país.
A Grécia de Péricles, líder grego, tinha voz sólida e poderosa. Seu maior inimigo, Esparta. Surpreendido pela deflagração da peste, em 430 a.C., matando cerca de um terço da população, cai ao chão Péricles. Àquela época, Péricles morto ao chão. Em 2010, d.C., Atenas ao chão. Quem ergue, segundo o acordo com o FMI e com a União Europeia, Atenas? O Estado. Ou melhor, Estados. Estados erguendo um Estado. Não apenas o Mundo deseja as colunas gregas em pé, mas sobretudo a União Europeia. Precisa-se socorrer a Grécia. O Péricles de hoje precisa levantado. Outra epidemia, não. `Para a pressão arterial do novo Péricles se normalizar, é necessária uma redução significativa em seu déficit público ( 13,6% do PIB ). Haverá, entre outras medidas, a supressão dos bônus dos funcionários e dos pensionistas do setor público e aumento do tempo de aposentadoria. Mas as colunas gregas estão sendo postas de pé. Os Estados, portanto, confiando na gestão pública do enfermo e O Estado, que se ergue, convicto da ajuda vinda por pernas e braços gregos.
Eis o papel indispensável do Estado no mercado. A União Europeia e o FMI ofertaram créditos, financiaram dívidas de bancos e reduziram impostos. Na recente crise da Grécia, apesar da relutância da Alemanha, a Comunidade Europeia precisou intervir para garantir a sobrevivência do capitalismo na Europa e no resto do Mundo. Ficaram as cicatrizes, mas não a morte. A epidemia não se concretizou. .
Importa registrar que as crises do capitalismo têm origens localizadas. Porém, as suas consequências são globalizadas em razão da globalização da economia e da interdependência dos mercados. Os países das Américas, certamente, caso não ocorressem o socorro da Comunidade Europeia, sofreriam consequências advindas da crise localizada na Grécia .
Saliento, contudo, que as crises econômicas, típicas do capitalismo, não são de responsabilidade apenas do capitalismo. Os Estados também devem ser responsabilizados. Estados que possuem alto déficit público, arrecadando menos do que gastam com a máquina pública, tendem a sofrer com as crises econômicas. Por fim, enfatizo que diante das crises do capitalismo, os Estados precisam estar preparados para enfrentá-las e superá-las. Oferta de crédito, redução de impostos e investimentos em infra-estrutura são bons remédios para superar as crises do capitalismo. E não tiremos os olhos do pêndulo.
À esquerda, o mercado; à direita, o Estado. No meio, o ponto fixo do pêndulo. Em volta, os Estados. À esquerda, o Estado; à direita, o mercado. No centro, o ponto fixo do pêndulo. O único ponto estável: as oscilações naturais e consequentes de todo esse ambiente econômico e político. Neste momento, é o ombro grego que sente a pressão dessa macroestrutura. E os olhos de Karl Marx, pra lá e pra cá, sem discórdia a tudo isso, mas com inteligente percepção, acompanham todo esse movimento contínuo.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.