No jogo eleitoral, os temas econômicos predominam em todas as discussões, independentemente das classes sociais. Os fatos recentes mostram que estes adágios são extremamente verdadeiros.
A atual crise econômica que assola a Europa possibilitou mudanças de governos em países como a Grécia, Itália e Portugal. Neste último país, uma mudança radical ocorreu: após longos anos de governo socialista, um liberal assumiu o poder. Na Itália, esta semana, um liberal assumiu o lugar de outro liberal. Na Espanha, em breve ocorrerão eleições. O partido Popular, reconhecido como de direita, deverá sair vencedor. Ademais, do outro lado do velho continente, nos Estados Unidos da América, a reeleição de Obama está fortemente ameaçada, tudo em virtude de crise econômica.
As crises econômicas aceleram os ciclos políticos e decretam o fim das ideologias dominantes. Foi assim no Egito, na Líbia e será assim na Síria. No mundo contemporâneo, as mudanças dos atores políticos não ocorrem mais em função de debates ideológicos ou ideologias dominantes, mas, em função de crises econômicas. Lembrava-nos Isaiah Berlin, em suas aulas, em Oxford, que a maneira de governar era uma ciência como a engenharia ou a agricultura, com métodos próprios alicerçados em estudo racional da natureza humana, advindo da observação, da lógica e da cultura de seu povo.
Com as fronteiras ao chão, o desenvolvimento de uma ciência natural do comportamento humano de um povo não mais atende aos estadistas. À instabilidade econômica criada com a crise das hipotecas nos Estados Unidos somam-se instabilidades políticas em boa parte do planeta. A quebra do banco americano Lehman Brothers foi apenas a ponta do iceberg. Lucas Papademos, primeiro-ministro da Grécia, por exemplo, assume, hoje, com uma administração contando moedas, ou seja, com dinheiro em caixa para menos de um mês de gestão. Sua esperança é a liberação da sexta parcela do primeiro pacote internacional. A esperança de seu povo, por outro lado, corre das medidas de austeridade de seus credores. Eis o cenário comum, sem falar na xenofobia.
Talvez não tenhamos ainda aprendido a viver politicamente em mercado financeiro mais aberto. Programas, métodos, critérios, tratados, teses precisam surgir. Ainda não há método de aplicação conclusivo. Tudo ainda está na lembrança de escambos – obedecendo às proporcionalidades dos novos tempos, claro. Há assimetrias expressivas entre os que governam e os que elegem. Sabemos que o poder evidencia também a necessidade de unidade de comando, pois sem ela a desordem é inevitável. Portanto, a existência de bens que pertençam a todos e de lugares públicos, sem que caiam em formas extremas de coletivismo, de fato, devem ser defendidos, apesar de imposições de credores. Qualquer intervenção por parte de credores internacionais na propriedade cultural de um povo, seja na forma de confisco, seja com o aumento de impostos, é urna aberta, pois ultrapassa os limites do bom senso político.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.