Capitalismo e democracia

Capitalismo e democracia

Por: Janguiê Diniz
24 de Jan de 2012

Mas a exigência do exercício da liberdade individual das pessoas, ou seja, a livre iniciativa acautela a intervenção do Estado no dia a dia dos indivíduos e fragiliza vozes absolutistas que tentam gritar ainda “O Estado sou eu”.


A sociedade é conduzida – e cada indivíduo, sobretudo – a uma correria sem fim, “da qual não mais são senhores e da qual a produção é a manifestação mais evidente”, diz-nos o sociólogo francês Michel Maffesoli. Mas os indivíduos vão com pés acomodados em confortáveis sapatos que não deixam calos e não lhes roubam o prazer do consumo em acelerados meses do ano.

A democracia, inicialmente, tinha como característica fundamental a prática da participação popular. Sendo, agora, a liberdade sua bandeira, a democracia provocou a expansão comercial na Europa no século XIV, possibilitando a origem de estados modernos e o fim de regimes ditatoriais. Mais adiante, surgiu a democracia liberal. Não nos esqueçamos de que liberdade de pensamento e livre discussão são valores últimos do liberalismo. E a democracia liberal teve como hóspede o capitalismo. É no capitalismo que a democracia liberal se desenvolve.

E com essa liberdade as instituições existentes puderam ser julgadas durante os anos que se sucederam. Revisadas e modificadas, legitimam costumes e valores novos. O tempo dos ponteiros do relógio se foi. Obsoletos objetos ainda há, mas na mão de colecionadores. Estácio, por exemplo, traz alguns protegidos sob seis ou setes panos, em caixas de aroeira e de cerejeira. A ideia de De Masi (ócio criativo) foi seu grande equívoco. O trabalho é o significante maior, manifestando constantemente a presença do homem. Onipresente, de fato, o trabalho. E, com isso, tudo o mais se renova em sociedade.

Capitalismo e democracia, caro leitor e atenta leitora, são compatíveis? Embora as variadas crises do capitalismo estejam levando diversos intelectuais e políticos a afirmarem que o capitalismo não contribui para o fortalecimento da democracia, essas asseverações são incorretas. Crises capitalistas ocorrem e continuarão a ocorrer, pois elas fazem parte da dinâmica desse sistema. Por outro lado, como bem demonstra a história, essas crises são passageiras, em razão das ações do Estado.

Os indivíduos são peças que integram e fazem funcionar as dinâmicas do capitalismo e da democracia. Suas impressões digitais não negam isso. A essência da prática individual no capitalismo e na democracia é o exercício da liberdade. Quem, por alguma razão, desejar tornar completamente PRIVADA a existência humana, talvez esteja equivocado hoje. Mas, seguramente, a mais privada de todas as atividades humanas (a do trabalho) chegou expressivamente com o capitalismo, permitindo às pessoas privatividade de seus bens e, claro, em alguns casos, quando lhe for negada, permitindo a oportunidade de transformar sua propriedade em apropriação para seu próprio usufruto. Mas não lhe é tirado o gozo do capital, do consumo e do usufruto. Não ignorar a economia em campanhas políticas e em gestão pública é representação prudente e inteligente. Criatividade não combina com ócio. Democracia, também não.

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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