O Brasil assistiu, aterrorizado, as cenas de desespero e caos provocadas pelas fortes chuvas que atingiram o Recife e região, em Pernambuco. Por ser a terra onde passei boa parte da vida, muito me sensibilizou ver tantas mortes e pessoas desabrigadas, que perderam literalmente tudo. Para além de um desastre natural, no entanto, o caso expõe o desleixo das autoridades com a população, condição não exclusiva da capital pernambucana, mas que se identifica em diversas outras localidades.
Áreas de morro são historicamente suscetíveis a deslizamentos. Também historicamente, as parcelas mais pobres da população foram sendo “empurradas” para os morros e periferias. Essa combinação gerou a ocupação desordenada dessas áreas, um grande perigo para os moradores. Estes, no entanto, muitas vezes não têm para onde ir e se expõem ao risco em nome de uma moradia que possam sustentar. Permanecem ali, esquecidos, abandonados, entregues à sorte. Quando chove, vem o medo. Recentemente, caso parecido aconteceu em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro. O absurdo é que se deixe chegar nesse estágio.
Programas de moradia deviam priorizar moradores de áreas de risco. Quem vive em morros e encostas deveria receber um local digno para viver em habitacionais destinados a esse fim, em áreas seguras. Cabe às administrações municipal, estadual e federal trabalhar para esse fim. Não é impossível, basta disposição – e o mínimo de humanidade. “Remendar” o problema depois de ocorrido não adianta, pois os estragos já estão feitos. No evento atual, mais de 100 mortes já foram registradas e outros tantos cidadãos continuam desaparecidos. O trabalho de resgate não basta, indenizar as famílias afetadas não basta. É imperativo que o assunto seja tratado de forma antecipada, com vistas a evitar que esses casos ocorram – porque, se nada for feito, eles continuarão a ocorrer.
Tragédias como as que ocorreram no Recife ou em Petrópolis – só para citar os casos mais recentes – não são imprevisíveis, nem culpa da natureza. São esperadas, uma vez que a permissividade com a ocupação do solo de maneira errada as propicia. Ir à TV dizer que vai dar “todo apoio” às famílias atingidas tem menos valor, quando se podia ter trabalhado para que elas não fossem afetadas.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.
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