Ciências da saúde e o direito à existência

Ciências da saúde e o direito à existência

Por: Janguiê Diniz
25 de Mar de 2008

Ou seja, ver as ciências da saúde de maneira integrada para elas mesmas verem o gênero humano na sua inteireza – corpo e mente/alma e vida. É que não pode haver saúde corpórea sem mente saudável. Não pode haver progresso científico, nem bem-estar individual ou social, não pode haver felicidade, sem que as pessoas e as coletividades tenham corpo e alma interagindo e completando-se. Apreender valores, interligar valores e, sobretudo, intervir continuamente são ações intrínsecas e indispensáveis ao bem coletivo.

Mas, se os progressos científicos e tecnológicos devem caminhar juntos, eles somente se justificam quando colocam a criatura humana como o centro de referência, como o objeto de suas investigações, de suas criações e dos seus saberes. Como profissional do direito que sou, devo registrar que o avanço da ciência física e corpórea, que busca a integração do gênero humano consigo mesmo, com os seus semelhantes e com a natureza, só se justifica quando esteja sincronizado com o direito à vida e à existência; na medida em que o produto de suas descobertas seja distribuído e compartilhado; que não seja um direito de uma minoria privilegiada. É exatamente dentro desse contexto que as ciências da saúde encontram-se com o direito à vida ou o direito à existência. Mas, esse encontro só será possível quando houver também o encontro entre as ciências naturais e as ciências humanas, porque ambas devem partir do mesmo pressuposto: a dimensão ética. Eis a razão pela qual a ciência social crítica repugna os postulados da ciência tradicional, que se arvora de ser abstrata e neutra, que procura o seu desenvolvimento sem problematizar o seu próprio objeto. A ética traz para as diversas ciências um novo paradigma: O tudo fazer, desde que esteja a serviço do desenvolvimento integral da criatura humana e de sua relação com a natureza.

A inserção da moralidade e da eticidade, no campo das diversas concepções cientificas, exige do pesquisador que, antes de iniciar os seus trabalhos acadêmicos, faça a si mesmo as seguintes indagações: Por que vou desenvolver este projeto de pesquisa? Qual a sua importância para as pessoas, à sociedade e ao meio ambiente? Quais os seus impactos positivos e negativos? Logo, é oportuna a emersão da ética do trabalho e que a ética do aventureiro não seja a voz a sonorizar os avanços que nos ajudam a situar e a ordenar nosso conhecimento dos homens e dos conjuntos sociais.

Se essas preocupações estivessem presentes, como pressuposto inicial da pesquisa científica, nós, com certeza, não estaríamos presenciando a dor, o grito, a agonia do meio ambiente e da natureza; não estaríamos vivenciando tantas guerras patrocinadas de maneiraegoísta e irracional pelos senhores das armas e pela indústria armamentista; não estaríamos presenciando a produção desmedida e descartável de alimentos fabricados por grandes corporações para desencadear desperdícios e enfermidades para uma minoria privilegiada e ver continentes inteiros morrerem de mortes coletivas por fome; não estaríamos tratando de coisas estarrecedoras como a possibilidade de um trágico retorno nazi-fascista de purificação da raça, como se fôssemos gados humanos, seres transgênicos ou pós-orgânicos. Enfim, não estaríamos declinados a esforços que se dirigem a uma recompensa imediata e não coletiva.

É nesse contexto, do futuro da espécie, do futuro do planeta que a ética dialógica vai ao encontro da ciência, da cultura e da arte, como elementos indispensáveis para integração do homem com a natureza e com o objetivo de construir um futuro com desenvolvimento e eqüidade.

Como diria Otto Piene: “- as artes deverão fazer aliança muito estreita com os dispositivos médicos e tecnológicos quevoltarão a dar vista aos cegos, audição aos surdos ou que explorarão o interior do corpo como minicâmeras. (…) Podemos imaginar um complexo hospitalar que reproduza a cabeça e o busto de Madre Tereza, para celebrar o amor e a caridade; um instituto que reproduza a cabeça, o torso e, porque não, o chapéu de Goethe, para celebrar a poesia, a exploração humana do universo e o Panteísmo; um conservatório de música que reproduza o rosto e os ombros de Louis Armstrong, para a glória do jazz e do som como poder libertador; e uma nova Einstein Tower, edificada para prestar homenagem à astronomia, às matemáticas e ao pai da relatividade.”

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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