Brain drain, fuga de capital humano ou de cérebros consiste na emigração de indivíduos detentores de alto grau de conhecimento técnico ou científico para países mais desenvolvidos, devido a fatores como conflitos étnicos, guerras, riscos à saúde, instabilidade política, mas, principalmente, como é o caso do Brasil, à instabilidade econômica com a consequente carência de investimentos em pesquisa nas áreas de ciência e tecnologia, que, por via de consequência gera a falta de oportunidades de empregos em nosso país.
Tais especialistas são atraídos para trabalhar em países mais desenvolvidos, como os EUA e Europa, já que lá conseguem benefícios pessoais, reconhecimento da carreira, tem oportunidades de desenvolver pesquisas em ciência e tecnologias, e o mais importante, facilidade de empregos com remuneração adequada.
É importante registrar que os EUA, mesmo tendo o maior número de cientistas em seu território, são o maior receptador dos melhores cérebros do mundo, visando desenvolver novas tecnologias de ponta para que possam ser patenteadas naquele país. Não é à toa que a maioria das inovações tecnológicas tiveram origem por lá e, principalmente, no Vale do Silício e Califórnia.
Se por um lado a emigração das cabeças pensantes para diversos países como os EUA trazem consequências financeiras benéficas para o país receptor, por outro lado, o país perdedor fica carente de um grande potencial de inovações, o que é extremamente nefasto e economicamente prejudicial ao país perdedor. Que o diga o Brasil.
As fugas de cérebros são extremamente comuns entre os países mais pobres do planeta, e também entre as nações em desenvolvimento, como países africanos, ilhas do Caribe, países da América Latina, além do Brasil. Ilustrativamente, citamos um estudo realizado na América Latina, no ano 2000, no qual revelou que naquele ano a Argentina perdeu 2.9% dos seus profissionais, o Brasil 3.3%, o Chile 5.3%, o Equador 10.9%, a Colômbia 11% e o México 14.3%.
Nesse sentido, o Brasil, que embora para alguns não seja considerado um grande perdedor de pesquisadores, segundo a CAPES e o CNPQ, só em 2015 perdeu quase 50 mil cientistas para universidades estrangeiras, especialmente de setores da Medicina, Engenharia, Cinematografia e inclusive produção gráfica, haja vista que fenômenos de bilheteria hollywoodiana são frutos de profissionais brasileiros, a exemplo do filme Matrix, considerado uma revolução cinematográfica, e o desenho animado A Era do Gelo I e II.
Com efeito, além das causas já citadas, cumpre elencar outras causas do brain drain no Brasil: A qualidade da educação brasileira fica na 76ª posição entre 129 países de acordo com a Unesco, perdendo até para países africanos como Zâmbia e Senegal, além de estar abaixo de todos os países da América do Sul. As escolas são ruins, sem estruturas e equipamentos, professores mal preparados e mal pagos. Isso repercute no ensino superior; dentre todos os países, o Brasil é um dos mais corruptos do mundo. As verbas não chegam ao destino final e somos um dos mais burocráticos países do mundo. Tem uma das maiores taxas de juros do planeta, logo, qualquer financiamento para realizar pesquisa em ciência e tecnologia encarece a pesquisa, sobremaneira; uma das maiores cargas tributária do mundo. Fazemos baixos investimentos em inovação, pesquisa da ciência e do desenvolvimento tecnológico; falta conexão entre as universidades e o mercado de trabalho (indústrias e empresas em geral).
Arrematando, cumpre asseverar que para manter nossos pesquisadores em nosso país, trabalhando em inovação e pesquisa para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia é imprescindível a adoção de políticas que evitem que sejamos um “doador de cérebros”. E isso só é possível através de altos investimentos em inovação e pesquisa da ciência para o desenvolvimento científico e tecnológico, ou seja, se tornando um polo de inovações para que os pesquisadores tenham oportunidades de desenvolver suas pesquisas e possam ter carreiras iguais e empregos bem remunerados.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.