O resultado do estudo é animador, mas nada de euforia. Uma leitura mais cuidadosa dos números da pesquisa traz à tona outra constatação. Apesar do avanço em relação aos anos anteriores, em termos absolutos, o Brasil está longe de assumir a liderança no ranking da inovação. Os valores gastos, segundo Giget, teriam chegado aos 32,62 bilhões de dólares no ano passado. Já a China investiu mais de quatro vezes esse montante, alcançando 140 bilhões de dólares em 2006. O Japão e os Estados Unidos também superam, com larga vantagem, o desempenho brasileiro.
Os números não deixam dúvidas de que, para se aproximar dos que estão em situação mais confortável, será necessário ampliar ainda mais os investimentos na área. Não significa, entretanto, que o país está à margem da inovação: apenas precisa acelerar o passo. É como se, em uma corrida de automóveis, o que estivesse na segunda colocação se deslocasse de maneira mais veloz que o seu oponente à frente. Separado do líder por centenas de quilômetros, para alcançá-lo antes do fim da competição, o veículo mais ágil teria que pisar ainda mais fundo no acelerador.
Como a corrida pela inovação não terminou, há tempo para o Brasil melhorar a sua posição. Uma estratégia eficiente para potencializar os esforços em pesquisa e desenvolvimento é investir em educação, como fazem os países que estão na dianteira. É preciso formar mais pós-graduados em áreas técnicas que trabalhem com inovação eagreguem valor à produção local. Só não se pode perder de vista que esses futuros profissionais passam primeiro pela graduação, o que reforça a necessidade de implementação de medidas de inclusão de jovens no ensino superior.
A China tem hoje cerca de 13 milhões de estudantes nas universidades, muitos dos quais, dentro de pouco tempo, estarão à frente das pesquisas para a criação ou reinvenção de materiais e processos inovadores. No Brasil, há apenas 4,5 milhões de universitários, aproximadamente 10,9 por cento dos brasileiros entre 18 e 24 anos. Desses, pelo menos 73 por cento estão em instituições de ensino superior privadas. Além do desafio da inclusão de jovens na universidade, primeiro passo para incrementar a produção nacional de conhecimento e inovação, os números revelam a participação determinante do setor privado para minimizar o problema.
O fomento da pesquisa no país depende da atuação integrada dos diversos setores da sociedade. Tanto a iniciativa privada precisa convencer-se de que, para garantir a competitividade frente a um mercado global, será preciso investir mais maciçamente em pesquisa e desenvolvimento, como o governo não pode se contentar com pouco. Iniciativas como o Programa Universidade para Todos (ProUni), do governo federal, demonstram os resultados da parceria público-privada. Ao oferecer vagas em instituições particulares, dando-lhes isenção de impostos, o governo também faz um bom negócio: paga bem menos que os 10.000 dólares gastos por ano se oferecesse uma vaga em instituição federal, sem prejuízos à qualidade da educação. Sobra mais dinheiro para investir em inovação.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.