Com seus 12% de matrículas de jovens no ensino superior, segundo o Ministério da Educação, o Brasil está distante de atingir patamar semelhante ao dessas nações. E mais grave: aqui, há um fator que emperra sobremaneira as perspectivas de melhoria do ensino superior – a baixa qualidade da educação básica.
Segundo levantamento da equipe técnica do movimento “Todos pela Educação” (TPE), cerca de 800 mil brasileiros de 7 a 14 anos ainda não têm acesso à escola; a cada dois minutos, um estudante de 15 a 19 anos abandona o colégio; menos de 5% das crianças da 5ª série do ensino fundamental estão plenamente alfabetizadas -nove em cada 10 alunos da 8ª série não sabem que 9 equivale a 90% de 10. Números verdadeiramente alarmantes. Enquanto isso, o Brasil aplica metade da verba investida pelo México na educação fundamental, e cinco vezes menos que a Coréia do Sul.
O país estancou em uma fase há muito superada por aqueles que almejam avançar, e o impacto desse atraso na economia é perceptível. Mesmo quanto aos cargos com baixa exigência de escolarização, o mercado já sofre com a dificuldade de encontrar pessoas aptas para preenchê-los. Diante da crescente necessidade de adaptações e mudanças que se verificam no mundo do trabalho, as empresas não admitem mais operários que não saibam, no mínimo, ler e escrever ou fazer operações matemáticas simples, como somar e subtrair. Isso em um país onde a taxa de desemprego passou dos 9%, apenas no ano passado.
Sem profissionais qualificados, o país perde importantes oportunidades de produzir e, conseqüentemente, de crescer. Mas como partir para um investimento estratégico na educação superior se faltam estudantes habilitados a ingressar na universidade? É verdade que os paises em desenvolvimento têm concentrado esforços na ampliação da taxa de matrícula universitária – entre 1980 e 1997, a Coréia teve um crescimento de 353% no número de universitários e a Turquia, de 320% -, mas, antes de partir para um investimento mais expressivo na educação superior, o Brasil precisa estar focado nas suas necessidades mais urgentes.
Primeiro, será preciso dar prioridade ao ensino básico. Embora tenha repercutido positivamente a iniciativa do governo em investir na expansão das vagas nas universidades públicas, um cálculo simples revela o impacto dessa medida para a educação, no sentido mais amplo. Se cada estudante universitário custa para o país cerca de dez vezes mais que um aluno do ensino fundamental, como verificou estudo da Ocde, para cada nova vaga criada na universidade, dez crianças e adolescentes perderiam a oportunidade de ter acesso à escola. O exemplo é ilustrativo, mas não restam dúvidas queessa desproporção atinge, seriamente, a qualidade da educação básica.
Se o governo já encontrou uma boa fórmula para estimular o crescimento do acesso ao ensino superior, através do Programa Universidade para Todos, Prouni, sem a necessidade de empregar maiores volumes de recursos que poderiam estar sendo aplicados no ensino básico, porque não recorrer a ela? Pelo menos por enquanto, investir no financiamento para estudantes sem condições de pagar por um curso em instituição privada de ensino superior – como ocorre no Prouni – mostra-se como o caminho mais viável. Desconsiderar essa e outras alternativas semelhantes é sujeitar-se ao risco de perpetuar no país a desigualdade de oportunidades, com poucos abastados tendo acesso à universidade pública e uma multidão de crianças e adolescentes excluída do direito à educação básica.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.