O Ministério da Educação (MEC) foi muito feliz quando propôs essa reforma do ensino básico, um pequeno salto que poderá garantir uma grande melhora na qualidade do ensino do País.
Dentre as alterações previstas, está a ampliação da carga horária, das atuais 2.400 horas em três anos, para 3.000 horas no mesmo período, um aumento de 25%. Além disso, será permitida ao estudante a escolha de 20% das matérias, com aulas de reforço, atividades esportivas ou culturais, o que poderá tornar as aulas, no mínimo, atraentes. O documento aprovado vem sendo debatido no governo federal há pelo menos 12 anos, como uma proposta para se colocar um freio no declínio do ensino dos jovens.
Além da ampliação de horas aula e autonomia dos jovens na escolha de disciplinas, a iniciativa sugere ainda um reforço nas atividades culturais e garantia da presença de professores em tempo integral, no intuito de tornar o sistema mais participativo. Com um investimento na ordem de R$ 100 milhões, o País contará com 100 escolas públicas como piloto. Mais que isso, a proposta visa privilegiar um currículo interdisciplinar, com o financiamento de projetos de escolas públicas, na intenção de substituir a atual estrutura curricular pela organização dos conteúdos como ciência, tecnologia, trabalho e cultura, propiciando uma integração entre as disciplinas e levando o estudo para o cotidiano.
Trata-se de uma medida plausível no que diz respeito à aplicação de técnicas que poderão aprimorar a educação. O aumento de horas/aula, atrelado à tentativa de despertar o interesse do aluno pelo aprendizado, tornando a escola um ambiente mais atrativo, deverá, de fato, vir a garantir uma melhoria na qualidade do ensino público, uma vez que as medidas certamente auxiliarão na exigência dos alunos por melhores condições de ensino.
As necessidades de alteração no Ensino Médio são urgentes, considerando a evasão escolar nesta faixa etária. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos 97,6% das crianças e jovens com idades entre 7 e 14 anos estão na escola. No entanto, no que se refere aos jovens de 15 a 17 anos, apenas 82,1% encontravam-se estudando, no ano de 2007. E – ainda mais grave – apenas 48% destes frequentavam o Ensino Médio. Pelos dados do Mec, chega a 20% a média de jovens que abandonam uma das etapas da última fase da educação básica e o déficit de professores nas salas de aula é de 300 mil.
Pela ação do Governo Federal nas mudanças propostas ao Ensino Médio, certamente será garantida uma educação interdisciplinar, propiciando a interação entre o estudante e o mercado de trabalho e permitindo que se dê polivalência para que o jovem possa buscar espaço neste mercado, daí ser imprescindível o investimento nessa modalidade de ensino. Por enquanto, os estados ainda têm a autonomia para decidir se adorarão ou não as mudanças propostas, mas é preciso que se entenda que somente somando-se esforços o País garantirá em seu ensino público a qualidade necessária para que os jovens de hoje possam se tornar os profissionais qualificados de amanhã. E que esta oportunidade não fique restrita apenas ao ensino privado, mas ampliada a todos os cidadãos brasileiros, como propõe o governo.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.