Pela terceira vez na história um papa renuncia ao pontificado. Bento XVI, de 85 anos, se despede do Papado alegando fragilidade por conta da idade avançada e dos problemas de saúde – há mais de 10 anos o Papa usa um marca passo e se submeteu, recentemente, a uma cirurgia para ajuste no equipamento.
Várias teorias conspiratórias surgiram para justificar o anúncio de Bento XVI, entre elas a de um complô de cardeais, contas secretas em paraísos fiscais e roubo de documentos secretos da Igreja. Apesar de serem apenas teorias, é inegável que os recentes escândalos envolvendo pedofilia abalaram a imagem da igreja Católica no mundo.
Bento XVI, o “Papa Panzer”, aquele que representava o último bastião conservador da Igreja Católica nas suas alegações e visto por muitos como intolerante e autoritário, ao renunciar assumiu um viés humilde e consciente, norteado, por que não dizer, pelo desapego: “Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino”.
Renunciar ou abdicar de qualquer coisa é, para muitos, sinônimo de abandono e num mundo voltado as ambições pessoais, a renúncia, quando não justificada como loucura, é vista como covardia. Mas não podemos ver por este ângulo. A decisão de renúncia de Bento XVI é um gesto notável, de desambição, de desapego, de elevação do próprio ser.
Contudo, mais importante que a representação de grandeza pessoal, a renúncia de Bento XVI representa um marco para a Igreja Católica. Devemos lembrar de que João Paulo II foi um dos grandes articuladores políticos do desmanche do mundo socialista. A Igreja Católica não pode mais negar que os casais gays, anticoncepcionais ou a fecundação in vitro, são realidades do mundo moderno e não podem ser revertidas.
A renúncia do papa Bento XVI trás à tona a necessidade de mudança para igreja, onde não há mais espaços para verdades absolutas. A partir de agora, à Igreja não resta alternativa senão a retomada de um diálogo aberto com o mundo católico levando em consideração suas necessidades e demandas. Em pleno século XXI, faz-se necessário a presença de uma igreja mais ativa com a sociedade, mais participativa da vida de seus seguidores e não presa a princípios e dogmas existentes há dois mil anos.
“Non habemus Papa” ou simplesmente “não temos nenhum papa”, é apenas uma expressão que representa uma vírgula na história da igreja católica mundial. Não importa se o próximo papa, escolhido pelo conclave, será africano, latino, europeu ou americano. Nessa escolha, o continente não pode ser tomado como uma qualificação para o posto, mas sim o diálogo. Diálogo este que poderá possibilitar que a Igreja seja mais que um espaço religioso.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.
Receba as novidades em primeira mão!
Cookies: a gente guarda estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar, você concorda com nossa Política de Privacidade.