Non habemus Papam

Non habemus Papam

Por: Janguiê Diniz
22 de Fev de 2013

 Pela terceira vez na história um papa renuncia ao pontificado. Bento XVI, de 85 anos, se despede do Papado alegando fragilidade por conta da idade avançada e dos problemas de saúde – há mais de 10 anos o Papa usa um marca passo e se submeteu, recentemente, a uma cirurgia para ajuste no equipamento.

 

Várias teorias conspiratórias surgiram para justificar o anúncio de Bento XVI, entre elas a de um complô de cardeais, contas secretas em paraísos fiscais e roubo de documentos secretos da Igreja. Apesar de serem apenas teorias, é inegável que os recentes escândalos envolvendo pedofilia abalaram a imagem da igreja Católica no mundo.

Bento XVI, o “Papa Panzer”, aquele que representava o último bastião conservador da Igreja Católica nas suas alegações e visto por muitos como intolerante e autoritário, ao renunciar assumiu um viés humilde e consciente, norteado, por que não dizer, pelo desapego: “Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino”.

Renunciar ou abdicar de qualquer coisa é, para muitos, sinônimo de abandono e num mundo voltado as ambições pessoais, a renúncia, quando não justificada como loucura, é vista como covardia. Mas não podemos ver por este ângulo. A decisão de renúncia de Bento XVI é um gesto notável, de desambição, de desapego, de elevação do próprio ser.

Contudo, mais importante que a representação de grandeza pessoal, a renúncia de Bento XVI representa um marco para a Igreja Católica. Devemos lembrar de que João Paulo II foi um dos grandes articuladores políticos do desmanche do mundo socialista. A Igreja Católica não pode mais negar que os casais gays, anticoncepcionais ou a fecundação in vitro, são realidades do mundo moderno e não podem ser revertidas.

A renúncia do papa Bento XVI trás à tona a necessidade de mudança para igreja, onde não há mais espaços para verdades absolutas. A partir de agora, à Igreja não resta alternativa senão a retomada de um diálogo aberto com o mundo católico levando em consideração suas necessidades e demandas. Em pleno século XXI, faz-se necessário a presença de uma igreja mais ativa com a sociedade, mais participativa da vida de seus seguidores e não presa a princípios e dogmas existentes há dois mil anos.

“Non habemus Papa” ou simplesmente “não temos nenhum papa”, é apenas uma expressão que representa uma vírgula na história da igreja católica mundial. Não importa se o próximo papa, escolhido pelo conclave, será africano, latino, europeu ou americano. Nessa escolha, o continente não pode ser tomado como uma qualificação para o posto, mas sim o diálogo. Diálogo este que poderá possibilitar que a Igreja seja mais que um espaço religioso.

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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