Hoje, são muito mais rápidas. Não é apenas a previsão delas que inquieta o estudioso, mas o desejo de tê-las antecipadamente, assentá-las em planejamentos. Tal aspiração se levanta sobre duas pernas: o interesse de Platão em sustá-las e a doutrina de Marx sobre a sua inevitabilidade. Em síntese, como consequência, lembro ao leitor o que Hegel nos deixou: na impossibilidade de a mudança ser barrada, que ela seja ao menos planejada e controlada pelas instituições – ampliando, sobretudo, o poder do Estado.
Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Raimundo Faoro, Roberto DaMatta e Jessé de Souza são alguns dos hermeneutas da sociedade brasileira. Inúmeras instituições estiveram e estão atentas ao que é produzido por nossos estudiosos. A tese da miscigenação da sociedade brasileira foi de Gilberto Freyre. Sérgio Buarque e Faoro trouxeram a tese do patrimonialismo. DaMatta mostrou que a sociedade brasileira é hierárquica. E Jessé de Souza revelou o dia a dia dos batalhadores: os novos integrantes da classe média.
A releitura das obras destes autores e os recentes dados do IBGE revelam mutações na sociedade brasileira. De acordo com o IBGE, no ano de 2010, ainda existia uma diferença grande de rendimento salarial entre brancos e negros. Revela-se, portanto, que o mercado de trabalho, por variados motivos, não se democratizou no âmbito da raça. Ainda de acordo com essas pesquisas referentes a 2010, as mulheres já estão à frente de 39% das residências brasileiras. Estes dados revelam que mais mulheres estão no mercado de trabalho. Fenômeno positivo, pois sugere que a discriminação de gênero tem diminuído no mercado de trabalho. Segundo o Instituto, as residências abrigam, atualmente, apenas 3 pessoas em média. Neste caso, ocorre, em ritmo constante, a diminuição da taxa de natalidade.
E a escola brasileira? Apenas 3% das crianças estão fora da escola, segundo o IBGE (Ano de referência: 2010). Neste sentido, cria-se a hipótese de que o Brasil avança quantitativamente na educação. Mas que a inserção educacional não mais se limite à estada em sala de aula. O virtual não deve se visto como um terceiro espaço. Esse processo de virtualização fez surgir o ensino a distância. A práxis social se contextualiza no processo da virtualização da escola. A desterritorialização de espaços-tempo é o desafio da escola de hoje. Nós, empreendedores educacionais, temos esse compromisso vindo com as mudanças sociais. Mais parcerias com o Estado devem ser firmadas para essa necessidade social. É que a troca não está mais enraizada na interação face a face, apenas. Assim como também não está no verbal, somente. Não nos assustemos com as mudanças. Sejamos hegelianos. A interação amplia-se para a troca entre o usuário e a máquina. Amplia-se entre o usuário, a máquina e o texto. Enfim, a escola deve estar sem muros. A melhoria da qualidade educacional brasileira necessita de novas configurações.
As mudanças chegam. Mas é comum chegarem não em passos harmoniosos. Marx já nos deixou essa lição. A sociologia do conhecimento nos faz entender que as questões sociais e políticas não se desenvolvem em laboratório ou no vazio, mas em atmosferas socialmente condicionadas. O melhor ajuste às mudanças é, inicialmente, lembrando Kant, permanecer receptivo e, em seguida, investigar, comparar, unir, generalizar sem acreditar na uniformidade da humanidade, pois não há ( enganou-se Hegel ) como sistematizar um único planejamento para oportuna intervenção pública. Deixamos você com a reflexão de que a necessidade, amigo leitor, cara leitora, é a de fazer projetos onde as contradições não precisam ser radicalmente evitadas. Enquanto isso, estejamos sempre revisando e trazendo novas intervenções, pois a mudança nos impõe que tudo é inconclusivo. Pelo menos, em longo prazo.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.