Oxente, Caetana!

Oxente, Caetana!

Por: Janguiê Diniz
28 de Jul de 2014

Ariano via a guitarra como um instrumento da cultura americana. Sua defesa da cultura nacional, algumas vezes lhe rendeu o rótulo de xenófobo. Como idealista, sabia que era preciso radicalizar. Não aceitava a influência de outras culturas. Mas, acima de tudo, era um artista sensível e sabia apreciar todas as formas de expressão das artes. Prova disso foi sua presença no velório de Chico Science, a quem se referia jocosamente como “Chico Ciência”, e suas lágrimas na beira do caixão. Um homem sem rancores. O que lhe movia era o ideal, a paixão visceral pelo povo e pela cultura brasileira.

Como dramaturgo, poeta, escritor e artista plástico nunca traiu a cultura popular. Nem a língua portuguesa. Aproximou o erudito do popular ao criar o Movimento Armorial. No cordel, em xilogravuras, em poemas, em suas “aulas-espetáculos” – misto de palestra, concerto e balé – uniu o erudito a graça picaresca do popular. Lembro-me do Quinteto Armorial, um grupo musical idealizado por ele, cujas composições eram criadas a partir do ritmo, da melodia e do fraseado popular com acabamento e refinamento erudito. Uma pena que acabou!

A danada da onça Caetana, presente em sua obra representando a morte, na mitologia do Sertão, deve ter tomado uma bronca homérica de Ariano. Poderia ter lhe dado mais tempo para terminar sua obra. Ele não gostava dela. Em sua mais conhecida obra, O Auto da Compadecida, Ariano escreveu: “Cumpriu sua sentença. Encontrou-se com o único mal irremediável, aquilo que é a marca do nosso estranho destino sobre a terra, aquele fato sem explicação que iguala tudo o que é vivo num só rebanho de condenados, porque tudo o que é vivo, morre”.

Se pudéssemos dar voz a seus personagens, em especial a João Grilo e Chicó, com certeza diriam que Ariano criou o conceito do orgulho de ser nordestino. E, se lhes perguntássemos o porquê, talvez repetissem uma das famosas frases de Ariano: “Não sei, só sei que foi assim”.

Caetana levou Ariano Vilar Suassuna. Cabra valente, poeta entendedor do Brasil e profundo defensor de nossa riqueza cultural. Mesmo sabendo que a morte é o nosso único destino, é difícil aceitar que não teremos mais novas obras do Mestre Ariano para apreciar. Resta-nos fazer com que os nossos filhos e netos conheçam, através do teatro, dos livros e dos vídeos, a vasta obra e o trabalho de Ariano Suassuna. O Brasil ficou mais pobre e mais triste.

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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