Mirando o crescimento, o Brasil começa a tratar a questão com mais seriedade. Nunca o país teve tantos mestres e doutores titulados como agora. Somente no ano passado, dez mil acadêmicos concluíram o doutorado e outros quarenta mil, o mestrado, segundo recente pesquisa realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação (MEC).
Aparentemente, os números atendem às necessidades da nação de maneira satisfatória. Basta dizer que o número de doutores titulados cresce cerca de 12% ao ano. Considerando outros parâmetros, entretanto, o que se constata é que o país ainda engatinha no que se refere ao investimento em pesquisa. Apesar do recorde, o índice de pesquisadores brasileiros com título de doutor é inferior comparado a países em estágio de desenvolvimento similar. Além disso, a proporção entre o número de doutores e a população, no Brasil, também é baixa. Como disse à imprensa Jorge Guimarães, presidente da Capes, “dez mil é uma realidade modesta para os desafios do Brasil”.
Não fica difícil concluir que, para se alcançar o desenvolvimento nacional, é preciso mais. A própria Capes tem como meta atingir, em médio prazo, o total de 16 mil títulos por ano, 60% a mais que o número atual. A expectativa é que esse incremento no número de profissionais titulados contribua para o avanço da ciência, da tecnologia e da inovação tecnológica. Assim, o setor produtivo ganharia com o desenvolvimento de novos produtos e o aperfeiçoamento de processos, capacitando-se na concorrência do mercado global. E a educação também se beneficiaria da formação crescente de doutores e mestres, já que a academia passou a concentrar grande parte dessa mão-de-obra altamente qualificada.
Analisando-se apenas pelo aspecto da ampliação do pessoal titulado, o crescimento do qual o Brasil tanto precisa parece não estar tão distante assim. Todavia, depende não apenas de um maior investimento na área de pesquisa, o que já não é tão simples. Há também outras dificuldades, as quais exigem medidas importantes. Ocorre que as pesquisas produzidas no meio acadêmico, em grande parte, estão à margem do setor produtivo. Ou seja, muitas não têm aplicação dentro das empresas. Para agravar a situação, mesmo sem dispor de uma contribuição mais efetiva da universidade, a indústria também não investe o suficiente em inovação, retardando o seu crescimento e restringindo o mercado para os pesquisadores.
Sem uma maior interação entre os setores produtivo e acadêmico, perde-se uma excelente oportunidade de otimizar os recursos, já escassos, voltados para a área da pesquisa. Aproveitar a infra-estrutura já existente nas universidades tornaria, para as empresas, o processo mais barato do que se tivessem centros tecnológicos próprios. Enquanto o empresariado e o governo não atentam, como deveriam, para essa realidade, grande parte das indústrias instaladas no Brasil executa os seus projetos de pesquisa e desenvolvimento nos seus países de origem, conosco deixando apenas suas unidades fabris. É hora de despertar para estas questões antes que o país fique para trás na corrida pelo desenvolvimento.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.