Ser educacional é a empresa do ano

Ser educacional é a empresa do ano

Por: Janguiê Diniz
07 de Mar de 2016

O Norte e o Nordeste são as regiões do Brasil com o maior crescimento no número de alunos matriculados em faculdades e universidades. Com expansão de dois dígitos ao ano, esse mercado é o mais promissor para as principais redes privadas de ensino do País. É lá que o Ser Educacional, grupo que controla as Faculdades Maurício de Nassau (Uninassau) e Joaquim Nabuco, entre outras instituições, concentra o seu negócio. Criada pelo empresário José Janguiê Diniz, em 2003, em pouco mais de uma década o Ser Educacional tornou-se o líder regional do setor.

Presente em 11 Estados, é o sétimo maior grupo privado de educação superior – e não pretende parar por aí. Na segunda-feira 27, o grupo reforçou a sua presença regional ao concretizar a aquisição da União de Ensino Superior do Pará, mantenedora da Universidade da Amazônia, e do Instituto Santareno de Educação Superior, mantenedor das Faculdades Integradas Tapajós. O acordo estava sendo discutido desde maio, mas o contrato e o pagamento de R$ 151,2 milhões só foram fechados no início da semana passada. Neste ano, é a terceira compra de uma concorrente.

“Olhamos inicialmente o Norte e o Nordeste, mas não descartamos outras regiões do País”, diz Diniz, fundador e acionista majoritário do Ser Educacional. Pelo seu desempenho atual e seu apetite pelo crescimento, o Ser Educacional foi escolhido A Empresa do Ano em 2014 pelo anuário AS MELHORES DO MIDDLE MARKET, prêmio criado pela DINHEIRO para homenagear as companhias de porte médio no País. Na segunda edição do prêmio, as empresas médias – aquelas com faturamento entre R$ 70 milhões e R$ 500 milhões em 2013 – mostram toda a sua força econômica e por que se candidatam a ser as gigantes do futuro.

As 500 maiores empresas do middle market obtiveram receita líquida de R$ 137,7 bilhões em 2013, numa expansão de 11% sobre o ano anterior. Para se ter uma ideia da pujança desse segmento, o crescimento foi quase 4,5 vezes o Produto Interno Bruto do ano passado, de 2,5%. E mais: o desempenho é melhor que o das 1000 maiores companhias do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO, que registraram alta de 8,9% em 2013. As médias são o perfeito retrato de um setor empresarial que insiste em crescer num país tão desafiador como o Brasil.

“Esse é um segmento fantástico e único no País, com crescimento expressivo e um volume importante de novas empresas”, diz Osvaldo Roberto Nieto, presidente da consultoria Baker Tilly Brasil, parceira da DINHEIRO na elaboração de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET. Para selecionar as melhores, os consultores da DINHEIRO liderados por Miguel Ângelo Arab avaliaram os indicadores de 1.352 empresas, pontuando o desempenho conforme a taxa de crescimento, a geração de caixa, o lucro e a qualidade da gestão empresarial (veja metodologia AQUI).

Foram utilizados questionários preenchidos pelas companhias candidatas ao prêmio e os balanços publicados pelas empresas, conforme a base de dados da Boa Vista Serviços e da Economatica, também parceiras da DINHEIRO. Ao final, foram selecionadas dentre as empresas inscritas a Empresa do Ano, as campeãs em Gestão Empresarial e em Gestão Financeira (veja quadro ao lado). As campeãs de 32 setores foram escolhidas com base em seus balanços financeiros (conheça as cinco melhores de cada setor nos links ao final da reportagem). Pequenas e grandes empresas, que atuam como fornecedoras ou clientes das empresas médias, precisam ficar de olho nesse grupo selecionado, que está em constante mutação.

“Os líderes do middle market duram muito pouco no ranking de seus setores de atuação, pois logo se tornam grandes empresas. Isso mostra um cenário promissor para todas elas”, diz Nieto. A Dudalina, grife catarinense de vestuário, é um exemplo dessa rápida movimentação. A Dudalina foi a campeã de AS MELHORES DO MIDDLE MARKET em 2013 e tem tudo para mudar de patamar no próximo ano, quando confirmar uma receita acima de R$ 500 milhões. No início de outubro, ela uniu-se à Restoque, dona das marcas Le Lis Blanc e Bô.Bô, entre outras, para formar a maior empresa de vestuário do País, com uma receita líquida equivalente a R$ 1,15 bilhão por ano.

Somente no primeiro semestre de 2014, a receita de ambas somou R$ 573 milhões. Esse foi o segundo negócio envolvendo a Dudalina em menos de 12 meses. Em dezembro do ano passado, a fundadora Sônia Hess vendera o controle da empresa para os fundos de private equity Warburg Pincus e Advent. “As melhores oportunidades de negócios estão com as médias empresas”, diz Nieto. “O middle market é o melhor exemplo de que a economia brasileira vai voltar a se fortalecer.” Para o campeão Ser Educacional, economia e educação andam lado a lado. Janguiê Diniz sempre apostou no poder de transformação da educação.

Sua história é um exemplo de como a dedicação aos estudos é capaz de girar a roda da economia e beneficiar o indivíduo e o País. Para conseguir cursar o segundo grau, Diniz teve de trocar a cidade de Pimenta Bueno, localizada a 518 quilômetros da capital Porto Velho, em Rondônia, por Recife. Lá foi morar com um tio (que ele não conhecia), que lhe deu casa e trabalho. A rotina apertada não foi uma desculpa para fugir dos livros e Diniz conseguiu se formar em direito na Universidade Federal de Pernambuco. Seu primeiro negócio ligado ao ensino foi um cursinho preparatório para o exame da Ordem dos Advogados do Brasil.

O Bureau Jurídico, que começou numa salinha apertada com 40 alunos, chegou a ser o maior do País, com mais de mil alunos matriculados no fim dos anos 2000. Com essa trajetória, a autorização do Ministério da Educação para a criação da Uninassau foi mais uma etapa para quem pensa em ser um dos grandes do setor de educação do País. “O grupo Ser foi criado para qualificar a mão de obra para o mercado de trabalho”, diz Diniz. “Nosso foco é a empregabilidade do aluno, por isso cuidamos de transmitir o conhecimento com qualidade.”

Ao contrário do que acontecia no setor de ensino privado no início dos anos 2000, o grupo se apresentou como uma rede privada com fins lucrativos, mas que trata o resultado financeiro como consequência do que é entregue para os clientes, ou seja, os alunos. Antes do Ser Educacional e de outros concorrentes como Estácio, Kroton e Anhanguera, os alunos pagavam suas mensalidades, mas tinham pouca voz junto aos estabelecimentos tradicionais. A visão de Diniz era ter uma instituição de ensino com um plano de gestão profissional.

Por isso, o presidente Jânyo Diniz, irmão de Janguiê, foi trazido do setor industrial para implementar a mesma visão de gestão competitiva no grupo de ensino. A estratégia tem dado resultado e a gestão financeira é um exemplo. No ano passado, o faturamento não consolidado atingiu R$ 456,8 milhões, um crescimento de 61,2% sobre o ano anterior. O lucro líquido cresceu 81%, para R$ 116,3 milhões. Não por acaso o Ser Educacional também ganhou o prêmio Destaque em Gestão Financeira, além do troféu do setor (leia mais AQUI2). “A nossa instituição foi criada com ideias bem definidas de gestão, com controle de custos, meritocracia para todos os funcionários e preocupação em ter educação de qualidade para atender os indicadores do MEC”, diz o fundador.

No ano passado, o grupo mostrou seu compromisso com as melhores práticas de governança corporativa ao promover a abertura de seu capital na BM&FBovespa, onde captou quase R$ 620 milhões. Em dezembro, o braço financeiro do Banco Mundial confirmou a compra de R$ 45 milhões em ações da companhia em razão dos planos de expansão da rede até 2016. O maior desafio do Ser nesses próximos anos é enfrentar o aumento da concorrência na sua região. Em julho, a Estácio comprou uma rede de ensino em Belém, no Pará. Mas o grupo de Janguiê tem uma saída: entrar com força no ensino a distância (EAD), uma modalidade que utiliza a tecnologia para aproximar professores e alunos, que pode fazer o grupo estrear nas regiões Sul e Sudeste.

Suas principais concorrentes concentram parte da força no EAD. A Kroton, por exemplo, que se uniu à Anhanguera, tem 431 mil alunos matriculados via EAD de um total de 620 mil. O Ser Educacional, que recebeu autorização do MEC para oferecer esses cursos pela Uninassau, em dezembro do ano passado, fechou o primeiro semestre com apenas 1,2 mil alunos de EAD, de um total de 113 mil. “O EAD é o que traz as melhores margens para as empresas de educação e o Ser, por ter uma base muito baixa nesse segmento, vai ter um importante aumento de participação nos próximos meses”, diz Ricardo Kim, analista-chefe da XP Investimentos.

O mercado especula que o Ser Educacional pode dar um salto importante com a compra do Centro Universitário Leonardo da Vinci (Uniasselvi), um ativo importante de EAD da Kroton e da Anhanguera. Para aprovar a fusão dessas duas redes de ensino, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica propôs a venda do negócio para evitar concentração de mercado. Para alguns analistas, o grupo é o principal player dessa disputa: tem dinheiro em caixa e é o que tem a menor participação no segmento entre as maiores redes de ensino do País.

Se as apostas estiverem certas, o Ser Educacional vai acelerar sua expansão e se transformar numa das maiores empresas do País. Confira, nas próximas páginas, a história da Painco – destaque em Gestão Corporativa –, o ranking das 500 maiores do middle market e as 32 vencedoras setoriais. No site da DINHEIRO, acompanhe a cobertura completa da festa de premiação. E fique de olhos bem abertos: é por conta de empreendedores vitoriosos como esses que o Brasil tornou-se uma das principais economias do mundo.

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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