Sociedade do trabalho X desemprego (parte 1)

Sociedade do trabalho X desemprego (parte 1)

Por: Janguiê Diniz
25 de Abr de 2008

A partir da crise da década de setenta, somada ao surgimento e consolidação, na década seguinte, do neoliberalismo – introduzido na era Reagan / Thatcher – suas estruturas começam a ser questionadas. Na década de noventa e na entrada do século XXI, o mundo vive outra revolução que desencadeia transformações significativas nos campos da política, da economia, da tecnologia, do estado e da sociedade. Nesse contexto, alteram-se radicalmente os valores consolidados ao longo do industrialismo e do Estado do Bem-estar.
A economia e as relações de produção passam a mover-se em dimensão planetária e por cima dos estados. As pessoas, a sociedade e o comércio mantêm um nível de comunicação e de informação a partir desse mesmo espaço e em tempo real. Verifica-se, com isso, a supremacia do capital financeiro sobre o capital produtivo. A revolução tecnológica produz uma metamorfose no mundo do trabalho na medida em que as máquinas inteligentes e a tecnologia dos “softwears” substituem o trabalho mecânico, provocando o chamado desemprego estrutural e infinitas possibilidades de empregos e rendas não identificadas pela sociedade industrial. Nesse novo cenário os pensamentos filosófico, antropológico, sociológico, econômico, organizativo, da comunicação e da informação convergem para idéia segundo a qual a sociedade pós-moderna atua baseada em valores completamente distintos daqueles que foram estabelecidos na era moderna.
Perante a sociedade do trabalho estabelece-se uma verdadeira ruptura de paradigmas. A tecnologia do conhecimento provoca uma drástica redução dos postos tradicionais de trabalho, origina o aparecimento de distintas modalidades de empregos e rendas e institui a presença de milhões de excluídos – inclusive nos países desenvolvidos.
O avanço no campo da teoria organizacional faz aparecer fábricas descentralizadas, despartamentalizadas e novas formas de produção, além de sofisticadas formas de controles e de mobilidades laborais, além das alternativas direcionadas à flexibilização e desregulamentação. A sociedade do trabalho já não está centrada na idéia do trabalho subordinado, executado prioritariamente no interior das organizações. O sindicalismo operário de vertente reinvidicativa desses mesmos trabalhadores está em crise por causa do desemprego estrutural, da supremacia do trabalho informal sobre o trabalho formal, dos negócios e empresas virtuais e das novas formas de controles organizacionais.
O Estado inspirado nos princípios absolutos da soberania e da territorialidade não tem capacidade para controlar, disciplinar e resolver os conflitos de uma sociedade que se mova à escala global, enquanto as tecnologias da informação e da comunicação criam outros mecanismos de comunicação institucional e relações que se dão também na esfera planetária e em tempo real. Os valores universais que legitimaram os ideais de justiça social e solidariedade foram substituídos pela supremacia agressiva do individualismo utilitarista que impõe suas regras acima da nação-Estado.
Essa realidade está vinculada aos problemas enfrentados por todos os países do mundo e afeta também os países desenvolvidos, conforme os comentários que seguem:
- “Alemanha, 1996. Mais de seis milhões de pessoas não conseguem emprego permanente, número que jamais havia sido alcançado desde a fundação da Alemanha Federal… Tão só as indústrias haverão suprimidos pelo menos um milhão e meio de postos de trabalho ao longo da próxima década” (MARTIN; SCHUMANN: 1998: 11).
- Nos Estados Unidos, “nos próximos anos, mais de 90 milhões de empregos, de uma força de 124 milhões de pessoas, estão ameaçadas de ser substituídas pelas máquinas” (RIFKIN: 1995: 5).
- Um informe do BIT sobre emprego recorda que o desemprego e o subemprego continuavam constituindo uma preocupação prioritária para este final de século. “Um bilhão de pessoas será afetada, ou seja, 30% da população ativa” (SERVIAS: 1998: 81).
“O Instituto Bettelle de Frankfurt, após realizar uma pesquisa acerca dos projetos das indústrias mecânicas do estado de Baden-Wurttemberg, forneceu as seguintes indicações: as máquinas – ferramentas automatizadas – permitem que se dispensem 30% dos operários de produção, ou seja, em total, 13% dos permanentes de uma empresa padrão. A utilização dos robôs de montagem fará, todavia, mais: entre 80 e 90% dos operários de produção, ou seja, entre 50 60% do pessoal que poderá fica em sua casa” (GORZ: 1987: 159).
“A outra causa de preocupação no que corresponde às perspectivas futuras do emprego obedece aos rápidos progressos técnicos que permitem economizar mão de obra e redundam numa nova era de “crescimento sem criação de empregos” (OFICINA INTERNACIONAL DO TRABALHO: 1996: xv).
Inclusive tendo que se distanciar das visões catastróficas apontadas por inumeráveis teóricos que assinalam o fim dos empregos; os prognósticos são inquestionáveis acerca da impossibilidade de retorno à supremacia do emprego formal e de longa duração.
Doutor em Direito, procurador regional do Ministério Público do Trabalho, professor da UFPE (www.blogdojanguie. com.br).

Transformando

Sonhos em Realidade

Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.

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