Antes, o inverno era o período mais preocupante, quando os ventos são mais fortes e as marés estão mais altas, resultando nas conhecidas ressacas litorâneas. Hoje, a variação climática, com temporais em pleno verão, estendeu essa preocupação para o ano inteiro. Como conseqüência desse desequilíbrio, vemos a água invadir e destruir casas, bares e restaurantes que compõem a orla marítima.
Um levantamento da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) mostrou que um terço das praias pernambucanas sofre com a erosão costeira. Na praia de Boa Viagem, a mais famosa do Recife e com 8 km de extensão, a faixa de areia reduziu cerca de 20 metros na última década. Existe uma grande extensão daquela praia que inexiste faixa de areia quando a maré está alta. Em Jaboatão, o mar engoliu alguns trechos da praia. Inúmeros projetos para contenção foram realizados sem sucesso ao longo de 15 anos: muralhas de pedras, paredões de concreto e, em 2011, iniciou-se a colocação de 60 mil caminhões de areia para ampliar a área seca.
Os dados são preocupantes e não param apenas na erosão costeira, principalmente para o Recife. No caso de um aumento do nível do mar em meio metro, cidades da região metropolitana teriam 40 quilômetros quadrados de área inundada pelo mar. Aumentando essa variação para um metro, a água chegaria a quase 54 quilômetros quadrados. É preciso ressaltar que, geograficamente, nossa cidade é bastante plana e cortada por dezenas de rios. Na hipótese de um quadro como os citados acima, inúmeros bairros simplesmente desapareceriam.
Ampliando o quadro de análise, é triste lembrar que no Brasil, aproximadamente 40% de nosso litoral está sendo tomado pelo mar. De acordo com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO/USP), em um futuro não muito distante, o país deverá sofrer uma das piores consequências do aquecimento global – a destruição de regiões inteiras localizadas próximo à costa. Ou deveríamos dizer a destruição de cidades com grande importância para o país?
Nós desafiamos a natureza quando construímos imóveis à beira-mar, sem pensar nas consequências. Estamos longe de ter uma solução definitiva, mas, a situação ainda é reversível, basta haver vontade política. Obras bem estruturadas, não apenas emergenciais e paliativas – e com alto custo para o governo – podem ser capazes de solucionar os problemas do nosso litoral. Embora seja preciso utilizar ou solicitar novos estudos aos especialistas para que os danos causados e soluções possíveis sejam avaliados e executados. Governantes do município e do estado de Pernambuco, não deixem nossa linda Recife virar mar.
Transformando
Sonhos em Realidade
Na primeira parte da minha autobiografia, conto minha trajetória, desde a infância pobre por diversos lugares do Brasil, até a fundação do grupo Ser Educacional e sua entrada na Bolsa de Valores, o maior IPO da educação brasileira. Diversos sonhos que foram transformados em realidade.
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